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AS PRÁTICAS DE ALFABETIZAÇÃO NA PERSPETIVA DA PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA
ANGELA MARIA PEREIRA RIBEIRO, TATIANA GOMES DOS SANTOS PETERLE

Última alteração: 2017-01-31

Resumo


RESUMO: Objetivamos analisar a prática do professor alfabetizador a partir da concepção histórico crítica com enfoque nas experiências e mediações do processo de alfabetização de alunos de 06 a 08 anos de idade de uma escola municipal de Vila Velha – ES. Consideramos em nossa análise as contribuições da pedagogia histórico-crítica que compreende a escola como espaço em que o aluno tem o direito de aprender os conteúdos socialmente constituídos inclusive. Partindo da observação participante, identificamos que a alfabetização é sim uma prática sócio-histórica em que o professor é capaz de fazer a mediação entre a criança e o mundo, intencionalmente, potencializando nelas, de maneira positiva, uma formação crítica que pode ser percebida nas suas produções de textos orais e escritos.

Palavras-Chave: Pedagogia histórico-crítica; Alfabetização; Práticas docentes.

 

INTRODUÇÃO

Esse trabalho tem como objetivo analisar a prática do professor alfabetizador a partir da concepção histórico crítica para uma educação transformadora e os desencontros entre métodos de ensino currículo e a formação de professores. Metodologicamente optamos pela observação participante, além de análise documental com o fito de verificar as práticas significativas de leitura e escrita que ocorrem dentro do contexto da sala de aula. Para embasar esta pesquisa utilizamos as contribuições da pedagogia histórico-critica de Demerval Saviani.

DESENVOLVIMENTO

Nos dias atuais muitas são as possibilidades de alfabetização, foi-se o tempo da cartilha padronizada e descontextualizada era vista como única forma de se ensinar. Logo, esperamos uma alfabetização mais sólida, mais construtiva, social e crítico reflexivo. No entanto, nem sempre a prática é tão enriquecida. Deve-se também considerar que escrever é uma ação que envolve uma intencionalidade e uma funcionalidade, pois o momento da escrita exige posicionamento crítico que tem por objetivo, uma função social, uma vez que, o ato de escrever algo, implica no comunicar-se com alguém, além do uso social da leitura e da escrita. Assim, segundo Gontijo (2006), pensamos em alfabetização:

 

[…] como uma prática sociocultural em que se desenvolve a formação da consciência crítica, as capacidades de produção de textos orais e escritos a leitura, os conhecimentos sobre o sistema de escrita da língua portuguesa, incluindo as relações entre sons e letras e letras e sons (GONTIJO 2006, p.122).

 

As discussões acerca da educação de qualidade tem sido alvo de grandes controvérsias, exigindo dos profissionais da escola, sobretudo, dos professores que lidam com o desafio de alfabetizar um posicionamento político metodológico, o qual  trará  consequências para sua prática.  Pensar nas práticas pedagógicas implica em várias reflexões, entre elas, sobre currículos, métodos de ensino e formação de professores, considerando seus aspectos positivos e negativos como prática conservadora ou transformadora da sociedade.

A perspectiva da pedagogia histórico-crítica que a concepção de educação enquanto articuladora com as realidades sociais se expressa na ideia de “mediação”. Neste sentido, Saviani (1984) entende a educação como:

 

“um processo que se caracteriza por uma atividade mediadora no seio da prática social global. Tem-se, pois, como premissa básica que a educação está sempre referida a uma sociedade concreta, historicamente situada. (...) como atividade mediadora, a educação se situa em face das demais manifestações sociais  em termos de ação recíproca. A fim de determinar o tipo de ação exercida pela educação sobre diferentes setores da sociedade, bem como o tipo de ação que sofre das demais forças sociais é preciso, para cada sociedade, examinar as manifestações fundamentais e derivadas, as contradições principais e secundárias” (Saviani 1984, p.120).

 

Com relação à prática pedagógica, Marsiglia, aponta que:

 

É importante destacar que o saber das crianças, baseado em suas experiências  do cotidiano,  pode contribuir para  a estruturação do início da ação pedagógica,  mas  não  é  condição para ela.  Isto por duas  razões:  primeiro,  porque  as  experiências  dos  alunos  são  basea­das no senso comum, referem-se ao conhecimento “em-si” e a forma de  conhecimento  que  a  escola  deve  dedicar-se  a  desenvolver  é  o conhecimento “para-si”. A segunda razão, decorrente da primeira, é que a escola, dedicando-se ao saber erudito, nem sempre encontrará nos interesses imediatos  e nos  conhecimentos prévios dos  alunos os conteúdos  que  a escola  deve  transmitir  e  isso  não  significa  que  por isso não deva criar as necessidades e oferecer os conhecimentos históricos e elaborados (MARSIGLIA, 2011, p24).

 

Enfim, na escola é lugar de saberes, que devem ser construído com os alunos a partir de suas próprias experiências (senso comum), mas deve-se também, possibilitar aos mesmos, outros tipos de saberes que a princípio, fazem parte da classe dominante (saber erudito).

Assim, observando o cotidiano da instituição de Ensino Fundamental do Sistema Municipal de Vila Velha, E.S, com crianças de 6 a 8 anos de idade localizada no bairro Guaranhuns, percebemos que as práticas docentes destes professores, pautavam-se numa visão mais dinâmica e reflexiva, visto que havia uma intencionalidade e compreensão de trabalhar com os alunos uma visão mais critica considerando como fundamental o saber que eles traziam em sua jovem experiência de vida. Também notamos a preocupação desses educadores em ampliar esses conhecimentos dos alunos a partir da aprendizagem de outros tipos de saberes, os quais os docentes em questão atuam como mediadores do processo.

 

CONCLUSÃO

Concluímos que a alfabetização é uma prática sócio-histórica em que se desenvolve a formação crítica e as capacidades de produção de textos orais e escritos. Sabe-se que a criança e o adolescente, por meio de mediação e da relação com o outro, apropriam-se do conhecimento e são capazes de problematizar a vida cotidiana e os diferentes tempos e espaços de ensino-aprendizagem. Neste contexto, concordamos com as contribuições Vigotskianas ao defender que o educador assume uma postura de sujeito mais experiente por isso, é capaz de fazer a mediação entre a criança e o mundo, sempre com intenções, potencializando as habilidades e o desenvolvimento do indivíduo.

 

REFERÊNCIAS

CONTIJO, C. M. M. Alfabetização na prática educativa escolar. Revista do professor. BH: Secretaria do Estado da Educação de MG, n. 14, p. 7-16, out. 2006.

 

SAVIANI, D. Educação: do senso comum à consciência filosófica. São Paulo: Cortez,1984.

 

MARSIGLIA, A.C.G. A prática pedagógica histórico-crítica na educação infantil e ensino fundamental. Autores Associados. Campinas, 2011.