Última alteração: 2018-07-24
Resumo
Lygia Bojunga Nunes é uma das grandes escritoras da literatura infanto-juvenil brasileira. Premiada no Brasil e em vários outros países, publicou vinte livros que foram traduzidos para diversos idiomas. Aclamada pela crítica literária nacional e internacional, a autora utiliza suas obras como engajamento social. Por meio dos seus livros, Lygia Bojunga denuncia e promove uma serie de reflexões em torno de diversas questões sociais, dentre elas, o preconceito contra a mulher e a crítica à visão falocêntrica de mundo. Partindo destes pressupostos, o presente trabalho almeja a realização de uma análise literária do livro “A Bolsa Amarela” - um romance que narra a história de uma menina, chamada Raquel, que vive em conflito com o mundo, com a família e consigo mesma ao reprimir suas três grande vontades que são guardadas dentro de uma bolsa: vontade de tornar-se escritora, vontade ser adulta e a vontade de ter nascido menino. O livro supracitado, publicado pela autora no ano de 1976, aborda, no decorrer do enredo que mistura o real e o imaginário idealizado por Raquel, diversas questões de cunho social. Tão logo, a pesquisa aqui apresentada tem como objetivo, por meio de uma análise aprofundada da obra, identificar em que medida “A Bolsa Amarela” questiona uma perspectiva falocêntrica de mundo ao desvelar, na voz da protagonista Raquel, o desejo de ser menino. Para tanto, o artigo apresentará, a priori, um breve panorama sobre a presença da mulher na literatura infantil e na sociedade, dialogando com as ideias de Simone de Beauvoir (2009). Em seguida, será exposta uma análise estrutural da obra (enredo, personagens, espaço e tempo), fundamentada em Cristófano (2011), Zilberman (2009), Navarro (2008), Coutinho (2008) e D’Onofrio (1995). Por fim, será apresentada uma análise aprofundada da obra com o intuito de analisar a presença dos questionamentos à perspectiva falocêntrica de mundo presente em “A Bolsa Amarela”.