Última alteração: 2017-03-30
Resumo
COMPLEXIDADES INERENTES A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL MEDIANTE O NOVO PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
Marcia Pereira Wildemberg
Pedagoga da Rede Pública Município de São Mateus – ES/Brasil
marciawildemberg100@hotmail.com
Ivonicléia Gonçalves Boroto
Professora da Rede Pública Município de São Mateus – ES/Brasil
Graciele Alves Santiago
Professora da Rede Pública do Município de Pedro Canário - ES/Brasil
RESUMO:
Discussões envolvendo a educação infantil – primeira etapa da educação básica – têm se tornado cada vez mais constantes e intensas nos últimos tempos. Dentre os vários investimentos em torno dessa etapa da educação encontramos o novo Plano Nacional de Educação (PNE/2014-2024), com estratégias que contemplam a formação continuada dos professores que estão atuando nas salas de aula de educação infantil. Este estudo tem por objetivo apresentar uma reflexão acerca da formação de professores da educação infantil e a sua relação com o novo Plano Nacional de Educação, visando demonstrar a importância do processo de formação como uma ferramenta imprescindível para o alcance da meta proposta para a educação infantil no PNE.
Palavras-chave: Educação infantil; Formação de professores; Plano Nacional de Educação; Qualidade.
INTRODUÇÃO:
Este estudo pretende trazer algumas considerações a respeito da formação de professores que atuam na educação infantil e correlacionar o dilema da formação com a meta 1, a ser alcançada através do PNE (Plano Nacional de Educação) aprovado no ano de 2014. Com a perspectiva de ampliar o atendimento na educação infantil e com a obrigatoriedade de atendimento às crianças a partir dos 4 (quatro) anos de idade, nos questionamos: Como fica o professor diante dessa nova realidade? Os professores estão sendo preparados para serem colaboradores nesse cenário educacional, em que a educação infantil tem ganhado cada vez mais destaque? O que tem sido feito, no intuito de contribuir para que o professor tenha uma formação que auxilie no desenvolvimento de sua criticidade?
A metodologia utilizada para a articulação dos assuntos discutidos nesse trabalho é a revisão bibliográfica. Desta forma, a reflexão se faz necessária para que possamos através do que tem sido posto por pesquisas anteriores, tentar contribuir para a construção de conhecimento no que se refere a formação de professores da Educação Infantil.
As discussões envolvendo esta etapa de ensino têm se tornado cada vez mais intensas nos últimos tempos. Percebe-se, através de programas implantados e de estratégias governamentais, um maior investimento em infraestrutura. Ocorre também a formulação e a reformulação de políticas públicas educacionais voltadas para essa modalidade de ensino.
DESENVOLVIMENTO:
Qualidade! Palavra de ordem para a Educação Infantil
É visível a urgência de implementação de estratégias que superem e eliminem as trajetórias paralelas que geralmente correlacionam a Educação Infantil apenas a medidas paliativas para resolver problemas sociais. No entanto, o contexto histórico-social que caracteriza essa etapa da vida escolar traz marcas que são inapagáveis, pois são fruto de uma luta, principalmente de mulheres, mães trabalhadoras.
A constituição das práticas educacionais se dá através da interação de atos e discursos de diversos campos da ação humana. Nesse contexto a educação é entendida como uma prática política. Como afirma Barbosa (2006, p.96) “[...] no Brasil a educação e o cuidado das crianças pequenas iniciou-se no mesmo momento em que aconteceu a urbanização, a industrialização, a divulgação médico-higienista, a transformação na organização da família e a criança da república [...]”.
Formação docente: “O calcanhar de Aquiles”
A referência aqui à personagem Aquiles da mitologia grega deve-se ao fato de essa figura mitológica possuir um “ponto-fraco”, seu calcanhar. É nesse sentindo que fazemos a relacionamos com a formação de professores da Educação Infantil, por considerarmos que a discussão envolvendo a temática é delicada, mas necessária. Falar em qualidade na educação considerando fatores que envolvem infraestrutura e equipamentos, é válido, mas não é suficiente. Existem mais fatores envolvidos no processo de qualidade da educação e dentre esses o papel do professor é de suma importância.
O engajamento dos professores no debate sobre sua própria formação docente requer um posicionamento que exige do mesmo uma postura reflexiva sobre a sua própria prática docente e essa perspectiva precisa ser desenvolvida, redefinida através do fornecimento de bases para uma visão alternativa. Nesse sentindo, segundo Giroux (1997, p. 158):
[...] É imperativo examinar as forças ideológicas e materiais que têm contribuído para o que desejo chamar de proletarização do trabalho docente, isto é, a tendência de reduzir os professores ao status de técnicos especializados dentro da burocracia escolar, cuja função, então, torna-se administrar e implementar programas curriculares que satisfaçam objetivos pedagógicos específicos. Em segundo lugar, existe uma necessidade de defender as escolas como instituições essenciais para a manutenção e desenvolvimento de uma democracia crítica, e também para a defesa dos professores como intelectuais transformadores que combinam a reflexão e prática acadêmica a serviço da educação dos estudantes para que sejam cidadãos reflexivos e ativos [...].
Existe uma ideia subjacente de que o comportamento dos professores deve ser controlado, podendo ser comparável e previsível. Nas palavras de Mészáros (2008, p.42) percebe-se um sistema em que “[...] as instituições de educação tiveram de ser adaptadas no decorrer do tempo, de acordo com as determinações reprodutivistas em mutação do sistema do capital [...]”.
O esforço existente nessa organização não se deve ao empenho de apenas afastar os professores do processo de deliberação e reflexão, mas, sobretudo, para que se instale uma rotina de natureza pedagógica de aprendizagem, em que se siga um programa padronizado, sem questionar, modificar ou propor mudanças.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Os professores que trabalham em escolas de educação infantil ainda sofrem com as “mazelas” de serem sempre os últimos no “rol” das prioridades em termos de políticas públicas. Os últimos a serem incluídos como etapa educacional, os últimos a serem incluídos para compartilhar os recursos provenientes do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB), os últimos a receberem recursos para melhoria da infraestrutura física com padrões básicos de qualidade. Enfim, os últimos nas políticas voltadas para o campo educacional.
Faz-se necessário no cenário atual, ações que englobem estratégias que visem contribuir na formação do perfil dos profissionais da Educação Infantil que irão ingressar nas escolas e ainda, de maneira colaborativa buscar meios de criar espaços de discussão com os profissionais que já estão atuando, envolve-los em momentos que possibilitem analisar sua prática docente e ter um olhar crítico sobre a mesma.
REFERÊNCIAS:
BARBOSA, M. C. S. Por amor e por força: Rotinas na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2006.
BRASIL. Lei Federal n.º 9394, 20 dezembro 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília 1996.
BRASIL. Plano Nacional de Educação. PNE 2014-2024 [recurso eletrônico]. PNE 2014-2024. Lei 13.005, de 25 de junho de 2014. Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2014.
GIROUX, H. A. Os professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
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MONASTA, A. Antonio Gramsci. Coleção educadores. Recife-Fundação Joaquim Nabuco: Editora Massangana. MEC, 2010.
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