Programa


APRESENTAÇÃO

A III Feira Literária Brasil-África de Vitória/FLIBAV tem por objetivo central discutir, pensar e apresentar caminhos para a implementação da Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que inclui no currículo oficial da escola básica a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-brasileira", a ser ministradas nas diferentes disciplinas com ênfase à Literatura e História Brasileiras; à Sociologia; bem como à Educação Artística. Os conteúdos referentes à História da África e dos Africanos, à cultura negra brasileira, às suas lutas e resistências, à contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política para a realização do projeto-nação foram até então subestimados na educação formal dos brasileiros, tornando-se, na atualidade, pedras angulares na constituição da cultura média das crianças e dos jovens. Essa conquista, entretanto, desafia os professores a buscarem domínio de novas informações para o desenvolvimento de atitudes inovadoras. Importa, pois, qualificar o corpo docente para a nova atuação. No Estado do Espírito Santo, a Ufes tem inegável papel no salutar diálogo entre o nível superior e a escola básica, razão de ser do esforço de organização desta III Feira Literária Brasil-África de Vitória/FLIBAV.


OBJETIVOS

1 - Organizar mesa redonda com escritores africanos e negro-brasileiros,

2 - Ministrar oficinas para professores da rede pública de Vitória,

3 - Ministrar minicursos para professores, alunos e pesquisadores em geral da área de Letras, Educação, Artes e demais áreas afins,

4 - Divulgar obras de autores africanos e negro-brasileiros em geral,

5- Organizar mesas redondas e palestras com professores/pesquisadores da área de Letras e da área humana em geral,

6 - Organizar as sessões de contação de histórias para o público em geral,

7 - Apresentar atividades culturais como recital de poesia, banda de congo, leitura dramatizada de obras literárias, performance teatral, conversa com escritores.

8- Exposição de livros.


PROGRAMAÇÃO

DIA 23/10/2019

8:00 – 9:00 Abertura da III Feira Literária Brasil-África de Vitória/FLIBAV no dia 23 de outubro de 2019 às 8:00 horas com a participação da Diretora do Centro de Ciências Humanas e Naturais/CCHN, com o Chefe do Departamento de Línguas e Letras/DLL, a Coordenação do Programa de Pós-graduação em Letras/PPGL e com a Coordenadora da III Feira Literária Brasil-África de Vitória/FLIBAV.

9:00 – 10:00 Conferência de aberturaLiteratura negro-brasileira do encantamento e as Infâncias: reencantando os corpos negros.Profª. Drª. Kiusam Oliveira (Ufes)Coordenação: Profª. Drª. Jurema Oliveira (Ufes/Nafricab). Local: Auditório do IC IV


10:00 – 11:00 Recital de PoesiaAtor Fábio Samora. Local: Auditório do IC IV 

11:00 – 13:00 Almoço

13:00 – 17:00 Workshop Escritora e Profª. Drª. Kiusam Oliveira (Ufes). Local: Auditório do IC IV

17:00 – 17:30 Intervalo

17:30 – 18:30 Palestra sobre RapAncestralidades contemporâneas: considerações a partir do RAP dos Racionais MC’sProf. Dr. Jorge Luiz Nascimento (Ufes)Coordenação: Profª. Drª. Jurema Oliveira (Ufes/Nafricab). Local: Auditório do IC IV

18:30 - 20:00 Mesa Redonda: Literatura e Cinema:  Êle Semog, Rogério Andrade, Adriano MonteiroCoordenação: Profª. Ms. Marlene Martins de Oliveira (Ufes/Proex). Local: Auditório do IC IV.

20:00 – 21:00: Lançamento de livros

DIA 24/10/2019

9:00 – 11:00 Mesa-redonda: Brasil – Moçambique: um diálogo possível?Profª. Drª. Jurema Oliveira (Nafricab/Ufes)Prof. Ms. Hamilton Mitsimbe (UEM/Ufes)Prof. Ms. Alberto José Math (UPM/UFRN)Prof. Dr. Sandoval dos Santos Amparo (UEPA)Coordenação: Profª. Drª. Jurema Oliveira (Ufes/Nafricab). Local: Auditório do IC IV.

11:00 – 12:00 Recital de PoesiaAtor Fábio Samora. Local: Auditório do IC IV.

12:00 – 14:00 Almoço.

14:00 – 18:00 Minicurso: Brincando, jogando e cantando com as crianças africanasProf. e Escritor  Rogério Andrade. Local: Auditório do IC IV

18:00 – 18:30 Intervalo.

18:30 – 19:30 Conversa com a escritora: Cidinha da Silva Coordenação: Marlene Martins de Oliveira (Ufes/Proex)

19:30 – 21:00 Show com o Rapper Felipe Flip. Espaço Externo Campus Ufes – Goiabeiras

DIA 25/10/2019

9:00 – 10:00 PalestraEscritora Cidinha da Silva Coordenação: Profª. Drª. Jurema Oliveira (Ufes/ Nafricab). Local: Auditório do IC IV.

10:00 – 12:00 Palestra: A ruptura epistemológica na nova historiografia africana e o desafio da produção do conhecimento endógeno. Profª. Drª. Artemisa Odila Cande Monteiro (Unilab)Coordenação: Profª. Ms. Marlene Martins de Oliveira. Local: Auditório do IC IV.

12:00 – 14:00 almoço.

14:00 – 18:00 Entrega do Prêmio de Poesia do Concurso de Poesia da III Feira Literária Brasil-África de Vitória/Flibav 2019. Coordenadoras: Profª. Drª. Jurema Oliveira  Ms. Marlene Martins de Oliveira. Local: Auditório IC IV.

14:00 – 18:00 Minicurso: Afro-fabulações e narrativas negras no cinema brasileiro. Prof. Ms Adriano Monteiro (Progr. AfroDiaspora FM). Local: Anfiteatro.

18:00 – 18:30 Intervalo.

18:30 – 19:30 Performance Teatral: Levando a Vida no Cabelo. Atriz Mariah da Penha Santana. Local: Auditório do IC IV.

19:30 – 20:00 Encerramento

EXPOSIÇÂO DE LIVROS NO CAMPUS GOIABEIRAS NOS DIAS 23, 24 e 25 DE OUTUBRO DE 2019.


RESUMOS DAS CONFERÊNCIAS E MESA-REDONDA


Ancestralidades contemporâneas: Considerações  a partir do RAP dos Racionais MC’s. Prof. Dr. Jorge Luiz do Nascimento(Ufes).

Segundo Antonio Candido, em Literatura e Sociedade, nas comunidades “primitivas” ou “rústicas”  não havia uma separação nítida entre artista e receptores. Segundo estudiosos do “popular”,  uma literatura popular teria como emissor e receptor o próprio povo,  pensando-se em produções orais. Hoje sabemos que em algumas produções artístico-culturais contemporâneas, o diálogo entre tradição e modernidade é um modus operandi comum. Então, a partir de referências trazidas por RAPs dos Racionais MC’s, buscaremos evidenciar como tais possibilidades dialógicas entre oralidades tradicionais, intervenções tecnológicas e os dados da contemporaneidade permeiam a obra desse grupo brasileiro do RAP, tanto em aspectos formais como conteudísticos.

Palavras-chave: RAP; Racionais Mc’s; oralidade; tradição;  contemporaneidade.


Literatura Negro-brasileira do encantamento e as infâncias: reencantando os corpos negros. Profª. Drª. Kiusam Regina Oliveira (Ufes).

Literatura significa a técnica de compor e expor textos escritos em diversos estilos, também pode significar uma forma de manifestação artística onde o ser humano, em toda a sua diversidade, é capaz de produzir diferentes sentidos ao seu uso. De acordo com Cuti (2010) negros e brancos tem vieses diferentes para abordar questões relacionadas ao inter-racial. Além disso, ele nos atenta aos efeitos diferentes no uso de expressões como afro-brasileiro e negro. Assim, o uso da expressão literatura negro-brasileira é capaz de revelar o rosto mais próximo da realidade brasileira que o racista tenta retirar da centralidade das cenas. Nesse sentido, vou além: afirmo a existência de um grupo de escritoras negras que tem produzido uma literatura que tenho chamado de negra-brasileira, pois fala de dentro de três espaços bem marcados, ecologicamente falando: raça, gênero e empoderamento feminino é política. E aqui a palavra encantamento ganha forma e concretude sendo capaz de transformar vidas. É o que tenho elaborado em minhas criações literárias que partem de fatos reais e ganham contornos criativos e pró-ativos como a apresentação de ferramentas reais e concretas para, por meio do mundo da imaginação, as crianças se fortaleçam e aumentem seus repertórios de combate ao racismo e elevação da autoestima.

Palavras-chave: Literatura, negra, brasileira.



Autoras e autores negros nos cenário editorial do Brasil contemporâneo: crise, africanidades e possibilidades. Cidinha Silva (Escritora)

Discutiremos a crise do mercado editorial brasileiro como crise de um modelo predatório de comercialização de livros. Nesse cenário analisaremos a produção editorial independente e suas alternativas para disseminação de ideias, formação de leitores e circulação de obras. Também a participação dos temas africanidades e relações raciais e das autoras e autores negros como agentes de oxigenação e produção de bibliodiversidade na cena será discutida, considerando exemplos como a lista dos livros mais vendidos da Flip - Festa Literária de Paraty, edição de 2019, que teve quatro pessoas negras e uma indígena como autoras dos cinco livros mais adquiridos no evento.

Palavras-chave: Autores, Mercado editorial, Crise, Africanidades, Possibilidades.


A ruptura epistemológica na nova historiografia africana e o desafio da produção do conhecimento endógeno. Profª. Drª. Artemisa Odila Cande Monteiro (Unilab).

Os equívocos inerentes à historiografia africana atravessaram séculos e se prolongaram até os dias atuais, legitimados pela antropologia e respaldados pelo revestimento teórico dos chamados pesquisadores do século XIX, sendo assim propagados com ênfase na inferioridade e no primitivismo dos povos africanos. Vale salientar que o resultado desses estudos sobre o continente africano entre o século XIX e meados do século XX, na sua maioria, foi determinante para a consolidação de preconceitos e racismos, quando não do próprio desconhecimento do continente africano pautado num discurso de inexistência de culturas africanas e, portanto, de sua história. Desse modo, mesmo com a existência de uma literatura historiográfica abundante, registram-se algumas análises que irão ponderar as questões sobre a ocupação europeia e o comércio de escravos na costa africana, fazendo uma breve análise da fase que antecedeu a chegada europeia, isto é, a ocupação árabe e a experiência da escravidão doméstica nas sociedades pré-coloniais africanas. O século XXI apresentou uma virada significativa na produção historiográfica africana que, durante muito tempo, foi permeada por mitos, equívocos, prenoções e preconceitos que tiraram o privilégio de muitos do acesso a uma “verdadeira” história da África. Ou seja, este século não só abriu leques de possibilidades para questionamentos sobre o conjunto de escritos versando a historiografia africana, como também permitiu a visualização e o reconhecimento dos preconceitos e das pré-noções no tratamento das fontes no tocante às produções sobre esse continente.

Palavras chaves: África, historiografia, epistemologias, produção endógeno.


Brasil – Moçambique: um diálogo possível? Profª. Drª. Jurema Oliveira (Ufes/Nafricab)Prof. Ms. Hamilton Ernesto Matsimbe (UEM – Ufes)Prof. Ms. Alberto Math (UPM – UFRN)Prof. Dr. Sandoval dos Santos (UEPA).

É possível estabelecermos um diálogo Brasil – Moçambique por meio de marcas ancestrais recorrentes em narratologias oriundas de uma experiencia cultural que remonta a era de inserção do povo de origem africana em solo brasileiro. Refletir sobre essa herança na contemporaneidade é compreender valores estabelecidos a partir de um referencial que visualiza os valores de matriz africana como um potencial a ser explorado e interpretado por óticas diversas.

Palavras-chave: Brasil, Moçambique, Diálogo.



Licença Creative Commons
Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creative Commons Attribution 3.0 .

CAPES LiPrAL 2012